Mulheres e a construção de identidades amorosas em grupos shippers pela perspectiva feminista e existencial de Marcela Lagarde

Este resumo de artigo foi apresentado por Sara Campagnaro no dia 27 de julho de 2015, no GT “Fenomenologia, sexualidade e relações de gênero” do II Congresso Brasileiro de Psicologia & Fenomenologia. O resumo foi publicado nos Anais do evento.

Acesso ao resumo:

PARA CITAÇÃO

CAMPAGNARO, Sara; GONZATTO, Rodrigo Freese. Mulheres e a construção de identidades amorosas em grupos shippers pela perspectiva feminista e existencial de Marcela Lagarde. In. Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia & Fenomenologia e IV Congresso Sul Brasileiro de Fenomenologia (2015: Curitiba, PR), de 27 a 29 de julho de 2015 – Curitiba, Universidade Federal do Paraná, Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação (Mestrado) em Psicologia, Laboratório de Fenomenologia e Subjetividade (LabFeno), 2015. p.176. Disponível em <http://gonzatto.com/amor-shipper-marcelalagarde/>.

RESUMO 

Resumo: Neste artigo buscamos auxiliar na reflexão sobre a construção das identidades amorosas de mulheres, mediante a análise da questão do amor em grupos shippers. A partir de uma perspectiva fenomenológico-existencial, elencamos elementos que evidenciem a importância da reflexão crítica sobre relacionamentos amorosos, seu impacto na vida da mulher contemporânea, e contribuir no debate entre amor e gênero. Vivemos em uma sociedade patriarcal onde as relações entre homens e mulheres são desiguais. Os grupos “shippers” (termo derivado de “relationship”) são formados em sua maioria por mulheres, fãs de estórias narradas em seriados, filmes e livros, e que tem como característica a expectativa que dois personagens constituam um relacionamento amoroso. A autodenominação como “shippers” surgiu da união de mulheres defendendo a possibilidade de romance entre dois protagonistas da série norte-americana “Arquivo X”. As shippers se identificavam com a personagem “Scully”, mulher com uma carreira de prestígio, racional e independente, e gostariam de ver essa personagem bem sucedida também no amor. A antropóloga e autora feminista Marcela Lagarde, a partir das reflexões de Jean-Paul Sartre e de Simone de Beauvoir, evidencia a importância da criação de novas formas de se relacionar amorosamente. Pensando na crítica ao amor romântico de Sartre e em questões de gênero, a mulher contemporânea pode buscar novas formas de amar, para além do viés tradicional. Grupos de mulheres são espaços de construção de identidades amorosas e as shippers se utilizam de fóruns, blogs e redes sociais para discutirem sobre os relacionamentos que apoiam e suas próprias histórias. A formação destes grupos auxilia as mulheres a verem o amor como uma construção, um projeto, como propõe Sartre, em oposição ao amor romântico, o que permite compreender as questões entre liberdade e amor, contribuindo para a reflexão de outras formas de amar. Mesmo estando em uma sociedade patriarcal, acreditamos que as mulheres podem criar novas maneiras de se relacionarem, buscando de fato um espaço de liberdade. Este artigo busca trazer as contribuições dos estudos de gênero, a partir de uma leitura feminista e existencialista, acreditando que as mulheres reunidas em espaços criados por elas podem reinventar as formas como vivenciam o amor, e grupos shippers podem ser lugares propícios para mulheres exporem e transformarem seus ideais e vivências amorosas.

Palavras-chave: Relações amorosas, Shippers, Gênero, Marcela Lagarde, Existencialismo