Ambrose Bierce publicou O Dicionário do Diabo em mil oitocentes e um punhado de anos. Nele, mostrava a verdadeira definição de alguns termos:
- Futuro – um período no tempo no qual nossos negócios prosperam, nossos amigos são verdadeiros e nossa felicidade está garantida.
- Dinheiro – Uma evidência de cultura e um passaporte para uma sociedade civilizada. Propriedade suportável.
- Chato – uma pessoa que fala quando você queria que ele escutasse.
- Egoísta – uma pessoa de mau gosto, mais interessada em si mesma do que em mim.
- Dentista – um prestidigitador que, colocando metal em sua boca, tira moedas do seu bolso.
Este dicionário vem sendo reescrito pelo artista anteriormente conhecido como Luciano Lobato. Seu fundamento continua sendo: chamar as coisas pelos seus verdadeiros nomes… o velho e conhecido Fardo do Homem Branco:
- Acessibilidade – aumento de market share através do consumo de deficientes.
- Alfabetização digital – treinamento pro consumo digital.
- Altruísmo – investimento social de médio prazo.
- Automatização – se livrar de conflitos trabalhistas e redução de custos e pessoal.
- Arquitetura – exploração comercial do espaço público.
- Branding (marcação) – o que os humanos fazem com o gado, e o que as empresas fazem com os humanos.
- Crítica social – membros das classes altas criticando os gostos das classes baixas.
- Crowdsourcing – terceirização coletiva de atividades primárias não remuneradas.
- Depressão – quando as pessoas não estão produzindo ou consumindo o suficiente.
- Globalização – imperialismo de empresas ao invés de países.
- Humanitarismo – atrocidades feitas à humanidade pela humanidade em nome da humanidade.
- Inclusão digital – aumento de market share através da aquisição de analfabetos digitais.
- Inimigo – outra parte envolvida em uma negociação, onde é mais lucrativo roubar e matar do que conversar.
- Marca – mancha causada por uma empresa e que aumenta o valor do produto sendo comercializado (difere de mancha: sujeira causada por uma pessoa e que diminui o valor do produto sendo comercializado).
- Marketing de guerrilha – declaração de guerra dos publicitários contra a humanidade.
- Marketing viral – expressão utilizada por publicitários para falar sobre suas intenções para a humanidade (infecções e epidemias).
- Microblogging – consumidores abrirem mão da privacidade em pesquisas de mercado públicas.
- Propaganda – prática com a mesma função que o cacetete tem num estado totalitário, mas utilizado em uma democracia.
- Rede colaborativa – escravidão voluntária coletiva.
- Sabedoria das multidões – aquilo que levou as pessoas escolherem Barrabás à Jesus.
- Sistema inteligente – remoção de decisões dos humanos e alocação no sistema em um processo de negócio.
- Sociabilidade – usabilidade das pessoas.
- Socialização – treinamento de indivíduos por outros indivíduos para que sirvam aos interesses do primeiro.
- Transtorno de déficit de atenção – quando as pessoas não prestam atenção no que o diabo branco quer que elas prestem.
- Usabilidade – facilitação do consumo ou produção através de meios digitais.
Como referência e inspiração, não custa relembrar as definições de Grouxo Marx:
- Arte? Um substituto cada vez mais inadequado para o sexo.
- Civilização? A doença de pele da biosfera.
- Política? Como um brejo – tudo o que é sujo acaba subindo.
- Serviço militar? Conheça o abatedouro.
- Punks? Hippies com amnésia.
- O rock? Tem um grande futuro por trás.
- Vegetarianos? Você é o que come.
- Vida após morte? Por que esperar?