A reforma agrária da Internet

Não demorou para perceberem que a internet não era livre, apesar das propagandas que proclamavam que ela era de todos. Criar um blog na internet pelo wordpress, blogger, google sites ou mesmo ter seu perfil em redes sociais como o linkedin, twitter e facebook (ou tantos outros) não era o caso de conquistar um espaço para si, mas uma situação que – simbolicamente – remetia ao feudalismo: o senhor disponibiliza um pedaço de terra para você produzir e te dá proteção, mas boa parte do que você produz é dele. É sua, no máximo, a permissão de estar ali.



Reproduza o vídeo acima para entrar no clima

Esta situação, no começo inofensiva, foi permitindo a criação de verdadeiros latifúndios da internet. Websites imensos que centralizavam as redes produzindo monopólios do espaço informacional.

Isso não agradou alguns usuários. Aos poucos, eles foram se reunindo, idealizando, conspirando…

Não demorou para ser fundado o primeiro MSS – Movimento dos Sem-Site, buscando força na luta pelo direito de se produzir informação na internet, de forma autônoma e suficiente. Esta bandeira não ficou sozinha, sendo levantada por simpatizantes, como o MSST – Movimento dos Sem Satétlite.

Os acampamentos dos sem-site chamaram atenção popular ao hackearem espaços famosos, como orkut, e utilizarem espaços improdutivos – como as comunidades SUA INVEJA FAZ A MINHA FAMA ou A gente se fode mas se diverte – para expressarem suas idéias. Casos como o da ocupação e destruição de páginas da comunidade Eu Odeio Acordar Cedo, entretanto, dividiram a opiniões dos populares.

O movimento finalmente tomou corpo quando revistas de circulação nacional, como vExame e ReVeja, publicam matérias apontando o caráter ilegal do MSS e suas implicações para a economia e o caráter ofensivo a liberdade do direito a informação privada.

Em busca de uma identificação mais latina, extremistas conseguem voz e mudam o nome do movimento revolucionário para Movimento de Libertação dos Sem-Sítios. As ocupações do MLSS se tornam mais agressivas, se espalhando pelas redes. Os sem-sítios, por fim, acabam por redirecionar a discussão da Neutralidade da Rede (Net Neutrality): não é uma questão de liberdade e igualdade (de um lado), nem fraternidade (do outro), mas de dívida histórica: cada cidadão tem direito de reaver o seu espaço roubado.

Por isso, amigos, é hora de reforma agrária da internet para redistrebuir o tráfego de informação aos nós que realmente produzem, e não aos nós privados que se aproveitam da mais-valia do trabalho computacional para explorar o trabalho alheio. É a crítica marxista à CaLda longa, exposta longamente na obra O CROWDSOURCING, volumes I, II, III e IV de Max Cal, autor também do Manifesto Sítioacionista.

Imagem do blog do Teletube

Novos new-neo-nós-zapatistas! A reforma agrária da Internet se faz em casa!


Será que o design pode ter uma abordagem literária? Bem, o texto acima é um experimento exagerado de Ficção de Design. Não gostou? Vá jogar SimFarm! – brincadeira! – adoraria saber o que imaginou durante sua leitura! Que tal deixar um comentário?

2 comentários

  1. Sugiro uma reforma “agrária” dos domínios de internet!
    As empresas compraram quase todos os domínios com menos de 5 letras e a grande maioria deles são improdutivos, não possuem conteúdo, somente um link para comprar o domínio. Temos reaver estes territórios sem uso!

  2. A narrativa conectou uma série de questões que estão sendo discutidas de uma forma divertida. Porém, esse tipo de humor tira a seriedade do assunto e não estimula o leitor a tomar partido, a agir sobre essas questões. Se você tivesse sido mais irônico sem apelar para trocadilhos e piadas fáceis, talvez o efeito político fosse mais interessante.

    Ao terminar de ler o texto fica patente que não existe tal coisa e que esse tipo de coisa nunca vai acontecer. É uma ficção improvável.

    O que faz as ficções de design interessantes é a proximidade com o real. Pro Dunne, o objetivo é fazer o real parecer apenas uma das opções possíveis para o futuro.

    Ficção de Design não é pirar na batatinha. É um projeto que exige pesquisa de tecnologias, análise de viabilidade, comparações, etc. Os escritores de ficção científica que o digam!